O impacto das tecnologias
digitais na distribuição cinematográfica já é tema de debates constantes. A
transmissão digital de dados via satélite está revolucionando a distribuição de
filmes.
Segundo Edson Sofiatti, da
empresa Star One, “um filme pode estar ao mesmo tempo em cinemas dos quatro
cantos do país com custos muito menores para o distribuidor em relação à cópia
em película” (2003, www.starone.com.br).
Os sistemas de transmissão e
armazenamento da imagem e som de um filme, além das tecnologias de compressão e
transmissão, se beneficiam de tecnologias originalmente desenvolvidas para
outros setores, como exemplo, os sistemas de criptografia, desenvolvido para o
setor bancário, que o torna seguro.
O filme será transmitido
para os cinemas interessados, que armazenarão os dados no computador e terão o
direito de exibi-lo certo número de vezes. Isso permite uma enorme distribuição
de filmes e uma redução considerável dos custos de transporte, estocagem e
legendagem. Essa economia beneficia, num primeiro momento, o distribuidor.
Pequenos produtores poderão ganhar também, pois terão acesso a circuitos de
exibição maiores, já que o custo de produção de cópias no novo sistema é
bastante inferior ao de cópias em película.
Do lado do espectador, a
vantagem é assistir a cópias sempre novas, sem perdas de qualidade de imagem e
som, disponíveis num número maior de salas. Junto com a evolução na qualidade
de captação de imagens em vídeo, a sofisticação dos recursos de computação
gráfica, a expansão da internet em banda larga e a possibilidade técnica de
gravar em vídeo na velocidade de projeção do cinema, pode-se agregar um quinto elemento,
o e-cinema - electronic cinema (BLASIIS,
2002). Esse último elemento é a projeção digital.
Neste novo formato,
poderemos exibir produtos audiovisuais originados de vídeo ou de película e
finalizados eletronicamente, com resolução de mais de milhões de pixels e som
multicanal digital. Este novo produto poderá ser "transmitido" via
satélite ou fibra ótica de um único centro de distribuição para muitas salas de
cinema e também poderá ser exibido a partir de mídias com alta resolução de
imagens. Nos dois casos, a projeção digital representa uma grande economia para
os setores de produção e distribuição, o que poderá trazer uma grande
democratização de alcance nos meios de projeção.
Poderemos ter de volta às salas
de cinema de pequeno porte (principalmente nas cidades do interior), com
programações compradas via Internet e exibida via satélite; em alguns casos, a
programação poderá ser adquirida em consignação, de acordo com a demanda de
sessões necessárias para cada local.
Esse novo cinema pode ser um
aliado das grandes distribuidoras, que buscam nele uma maneira de baratear seus
custos de distribuição, pode também propiciar o surgimento de novas
distribuidoras independentes o que, em conjunto com as demais transformações já
em andamento, pode se tornar um importante fator para o aumento da participação
de filmes brasileiros no mercado exibidor.
A grande questão do momento
é quem irá pagar por uma transformação tão radical no setor audiovisual.
Atualmente, de acordo com a Associação Cultural Kinoforum, um blockbuster americano gasta em
torno de US$ 15 milhões em cópias para a sua distribuição mundial.
No total, o mercado dos
grandes estúdios gasta por volta de US$ 4 bilhões ao ano em distribuição e
exibição, num mercado mundial de mais de 125 mil salas de cinema (35 mil das
quais situadas nos EUA). Uma análise feita com os custos atuais de instalação
de uma sala de projeção digital conclui que, em dez anos, teremos por volta de
135 mil salas padrão contra cinco mil digitais. Mesmo com a grande pressão que
os produtores exercerão sobre as redes de exibição para que se abequem ao
sistema, os custos falarão mais alto ao exibidor. Será uma grande disputa entre
produtores e exibidores. Esses fatores não impedem que a projeção digital
possibilite o surgimento de espaços alternativos de exibição para produtos que
poderiam jamais chegar ao público de outra forma, ou até mesmo deixarem de ser
produzidos. A conjunção desses fatores não está tão longe de nós, mas já é o
resultado de um processo em andamento. Atualmente, convivem duas grandes
vertentes: os que produzem eletronicamente para exibir em película ou em digital,
e os que produzem em película para finalizar e exibir por meio óptico ou
eletrônico.
No campo óptico,
praticamente tudo já foi experimentado e as novas tecnologias apontam para sua
superação - há pelo menos dez anos a computação gráfica e a composição digital
dominam o chamado cinema de efeitos
especiais.
Futuramente a Internet irá
complementar o processo de digitalização dos filmes lançados nos cinemas
podendo realizar a sua transmissão para os projetores digitais na exibição em
grande escala. A exclusão da película nesses procedimentos de exibição digital
de um filme pode ser uma consequência. Isto aconteceu recentemente pela
primeira vez, em caráter experimental com o desenho animado Titan A.E dos estúdios Fox.
O desenho animado de FC foi completamente
transmitido pela Internet da Califórnia (EUA) para um projetor digital de um
cinema em Atlanta (EUA). O arquivo de tamanho “gigante” (50 gigabytes), mesmo
com conexões hiper velozes especiais, demorou 4 (quatro) horas para completar
o download. O filme Star Wars - A Ameaça Fantasma, por
exemplo, foi exibido digitalmente, mas Titan
A. E é o primeiro filme a ser transmitido pela Internet.
Os grandes executivos das
empresas envolvidas na operação acreditam que ainda vai demorar muitos anos
para que o cinema veja o fim da película, pois os custos para uma exibição
digital ainda são muito altos e as transmissões via Internet colocam em risco a
questão dos direitos autorais e a pirataria.
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